rclrodrigues

Graduanda em Química (licenciatura) pela Universidade Estácio de Sá e em Teologia pela Universidade Estácio de Sá. É pós-graduada, MESTRADO, pela ENSP/ FIOCRUZ em Ciências (2004) e pós-graduada LATO SENSU em Direito do Trabalho e Processo do Trabalho pelo DECISUM/ UGF (2008-2009). Possui graduação em Direito pela Universidade Federal do Rio de Janeiro/ FND/ UFRJ (2007), graduação em Filosofia (bacharelado) pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro/ UERJ (2006), graduação em Ciências Sociais (bacharelado) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro/ UFRJ (2002) e graduação em História (bacharelado e licenciatura) pela Universidade Federal Fluminense/ UFF (2000).

The Call of the Wild 

Introdução

O Chamado Selvagem, escrito por Jack London e publicado pela primeira vez em 1903, é um dos grandes clássicos da literatura americana e continua sendo uma leitura popular tanto para jovens quanto para adultos. A obra conta a história de Buck, um cão domesticado que é forçado a se adaptar e sobreviver no ambiente selvagem e inóspito do Alasca durante a Corrida do Ouro do Klondike, um período de grande agitação nos Estados Unidos e no Canadá. A narrativa, que mistura elementos de aventura e filosofia, explora temas universais como instinto, sobrevivência, liberdade e a luta entre a domesticação e a natureza selvagem.

Por meio de uma escrita envolvente e cheia de emoção, London cria uma história que não só explora a brutalidade da natureza, mas também questiona a relação entre seres humanos e animais, os limites da resistência física e emocional, e o retorno ao estado primitivo de um ser.

Neste artigo, vamos aprofundar na obra, explorando seus principais pontos e temas, além de refletir sobre sua relevância e as lições que ela traz aos leitores.


O Contexto da Obra

A Corrida do Ouro do Klondike, que ocorreu no final do século XIX e início do século XX, é o cenário histórico e social de fundo para a história de O Chamado Selvagem. O Alasca, durante esse período, foi palco de um grande movimento de exploração e migração, com milhares de prospectores e aventureiros viajando para a região em busca de ouro. Foi uma época de grandes desafios e lutas pela sobrevivência, tanto para os seres humanos quanto para os animais que os acompanhavam, como cães de trenó, como Buck.

O autor, Jack London, teve uma experiência pessoal nesse contexto, o que certamente influenciou seu estilo e abordagem. Em 1897, ele se aventurou em busca de ouro no Alasca, mas acabou sendo frustrado na tentativa, vivendo momentos difíceis que mais tarde foram materializados em suas obras, incluindo O Chamado Selvagem.


Enredo de O Chamado Selvagem

A história de O Chamado Selvagem começa com Buck, um cão grande e forte, de sangue nobre e aparência imponente, que vive uma vida tranquila em uma mansão na Califórnia, como o animal de estimação dos donos da casa, a família de Judge Miller. A vida de Buck é confortável e sem grandes preocupações. Porém, sua vida pacata é interrompida quando ele é sequestrado por um empregado da casa que o vende para um comerciante de cães. Ele é forçado a deixar a segurança de sua casa e é levado para o Alasca, onde o destino de todos os cães que fazem parte dessa viagem é o trabalho árduo como cães de trenó na Corrida do Ouro do Klondike.

A partir do momento em que Buck chega ao norte congelado, ele é confrontado com a brutalidade e as condições implacáveis do novo mundo. Ao ser forçado a se adaptar à nova realidade, Buck começa a perder sua natureza domesticada e se aproxima de sua verdadeira essência, respondendo ao “chamado selvagem” que pulsa dentro dele. Ele logo aprende que a sobrevivência nesse ambiente hostil depende de força, inteligência e da capacidade de superar as adversidades. Ao longo da história, ele se torna um cão mais selvagem e independente, ao mesmo tempo em que perde sua inocência e a confiança nos seres humanos.

O livro é uma verdadeira jornada de transformação para Buck, que começa a sentir um vínculo crescente com a natureza selvagem. Ele se torna mais astuto, aprendendo a caçar, a sobreviver e a lutar pelo seu lugar no novo mundo. Seu relacionamento com os humanos também muda drasticamente. No início, ele ainda tenta manter sua lealdade, mas ao longo da trama, ele passa a compreender que, na selva, não há espaço para bondade ou fragilidade. A única coisa que importa é a sobrevivência.

Entre os muitos desafios enfrentados por Buck, um dos maiores é o relacionamento com outros cães, como o líder do trenó, Spitz, com quem ele disputa pela liderança do grupo. Após uma série de confrontos, Buck consegue derrotar Spitz e se tornar o líder do trenó. Este momento simboliza a sua transformação de um cão domesticado em uma criatura selvagem e independente.

No final da história, Buck encontra seu verdadeiro destino. Ele responde finalmente ao chamado da natureza selvagem, afastando-se dos humanos e se entregando ao seu instinto primitivo. A obra termina com Buck se tornando o líder de um lobo, vivendo em harmonia com a natureza, enquanto responde ao chamado ancestral que ecoa em sua alma.


Temas Principais de O Chamado Selvagem

  1. Instinto e Sobrevivência

O tema da sobrevivência é central em O Chamado Selvagem. Buck é forçado a abandonar a vida confortável que conhecia e se adaptar rapidamente a um ambiente implacável. A história é uma reflexão sobre a luta pela sobrevivência e como o instinto animal se manifesta em momentos de extrema adversidade. Buck, aos poucos, vai redescobrindo suas habilidades naturais e se afasta de sua natureza domesticada, respondendo aos impulsos primitivos que, até então, estavam adormecidos.

A ideia de que a sobrevivência não depende apenas da força física, mas também da inteligência e da capacidade de adaptação, é um dos pontos mais fascinantes da obra. Em muitos momentos, Buck usa sua astúcia para superar os desafios que enfrenta, destacando o papel vital da mente no processo de adaptação ao novo ambiente.

  1. Liberdade e Natureza Selvagem

Outro tema marcante do livro é a liberdade. O “chamado selvagem” a que Buck responde é, na verdade, uma metáfora para a busca pela liberdade. Ao longo da obra, Buck experimenta sua crescente liberdade à medida que se afasta da civilização e da domesticação. Ele se transforma em uma criatura livre, seguindo seus instintos sem as limitações impostas pelos humanos. O Alasca, com sua vastidão e imensidão selvagem, representa esse espaço de liberdade que Buck busca incessantemente.

O autor também questiona o papel da civilização e da domesticação no comportamento dos seres humanos e animais. A natureza, por sua vez, é retratada como algo implacável e, ao mesmo tempo, bela, proporcionando tanto um lugar de grande desafio quanto de regeneração.

  1. A Relação entre Humanos e Animais

London também explora, ao longo do livro, a relação entre seres humanos e animais, especialmente no contexto da exploração e abuso dos cães de trenó. Muitos dos humanos que Buck encontra são cruéis e impiedosos, tratando os animais como meros objetos de trabalho. A brutalidade com a qual os cães são tratados evidencia uma crítica do autor ao tratamento que os seres humanos frequentemente dão aos animais.

Ao mesmo tempo, existem momentos em que Buck encontra certa bondade humana, como com o personagem John Thornton, que trata Buck com respeito e carinho. Esse relacionamento é fundamental na jornada de Buck, pois é com Thornton que ele experimenta uma conexão genuína com um ser humano, antes de finalmente se afastar da civilização.


Estilo Literário e Estrutura

A escrita de Jack London é vívida, emocional e direta. Sua habilidade em descrever a natureza selvagem é notável, fazendo o leitor sentir o frio cortante do Alasca, a tensão nas lutas entre os cães e a brutalidade das situações enfrentadas pelos personagens. O autor utiliza uma linguagem simples, mas poderosa, que reflete a essência da vida selvagem e a luta implacável pela sobrevivência.

London também faz um excelente uso da perspectiva do ponto de vista animal, mergulhando na mente de Buck de maneira profunda e emocionante. A transformação de Buck de um cão domesticado para um líder selvagem é retratada com sensibilidade, de modo que o leitor acompanha a evolução emocional e física do personagem de forma vívida.


Conclusão

O Chamado Selvagem é uma obra atemporal que explora os instintos primitivos, a luta pela sobrevivência e o retorno à liberdade selvagem. A jornada de Buck é uma metáfora poderosa sobre a natureza humana e animal, e a obra questiona até onde a civilização pode moldar um ser e como os instintos mais profundos podem emergir quando colocados à prova.

Através da história de Buck, Jack London nos oferece uma reflexão profunda sobre a luta pela liberdade, o poder da adaptação e o desafio da sobrevivência em um mundo implacável. Esta obra, que mistura aventura e filosofia, continua a cativar leitores de todas as idades e permanece relevante até hoje, sendo uma leitura essencial para aqueles que buscam explorar os aspectos mais primitivos e complexos da natureza humana e animal.


Referência Bibliográfica

LONDON, Jack. O Chamado Selvagem (The Call of the Wild). Tradução de Maria Lúcia S. B. da Costa. São Paulo: Editora Martin Claret, 2005.

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